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O efeito positivo da presença de familiares nas Unidades de Terapia Intensiva

A internação em uma Unidade de Terapia Intensiva é uma situação de crise na qual, não raro, paciente e seu respectivo familiar podem apresentar sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. "A família adoece junto com o paciente. Os parentes perdem o bem-estar, apresentam problemas de sono e a preocupação toma conta de suas rotinas", diz a psicóloga Renata Rego Lins Fumis, Doutora em oncologia pelo Hospital do Câncer A. C. Camargo e pesquisadora da UTI do Hospital Sírio-Libanês.

Uma política mais flexível de visitação aos pacientes internados em UTIs ajuda os familiares a enfrentarem essa situação, do momento que podem satisfazer a grande necessidade de estarem perto dos pacientes. Estudo realizado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Sírio Libanês, com política de visitação 24 horas, mostrou que das 471 famílias entrevistadas, 33% apresentaram sintomas de ansiedade e 18% apresentaram sintomas de depressão, incidência inferior ao que se costuma ver na literatura nos estudos realizados em UTI com visita restritiva.

"Os familiares apresentaram um alto índice de satisfação e, interessante, que foi observado uma interação entre as horas de visita, satisfação e o escore de sintomas de ansiedade e depressão, ou seja, à medida que aumenta as horas de visita da família, diminui os sintomas de ansiedade e depressão e aumenta a satisfação", mostra o estudo recém-publicado no Journal of Critical Care.

Outro estudo publicado no Annals of Intensive Care, demonstrou que de acordo com a percepção da equipe da UTI do Sírio-Libanês, embora a presença da família ainda seja difícil, devido a alguns fatores, como por exemplo, a possível interrupção do trabalho, fica evidente o benefício para ambos, paciente e família, diz Renata que participou do estudo.

Entretanto, não é a realidade Brasileira. Um Survey publicado na Revista Brasileira de Terapia Intensiva (RBTI), realizado com 162 UTis do Brasil, revelou que somente 2,6% das UTIs possuem visitação 24 horas. Porém, a notícia boa é que quase 100% das Unidades aderem à visita flexível em casos especiais, como pacientes em estado terminal, o que é extremamente importante. A verdadeira razão por trás de um número tão reduzido de UTIs com visitação 24 horas está na arquitetura das UTIs, com falta de estrutura: muitas unidades não têm poltrona ou sequer sala de espera.

"A permanência da família na UTI é em média 13 horas por dia, o que é muito cultural do Brasil, um país mais acolhedor, em que a família é muito presente. Não existe mais a possibilidade de fechar as portas das unidades como antigamente, pois já se sabe os efeitos positivos que a presença familiar tem na vida de quem é admitido em uma UTI", pondera dra. Renata.

"Diante da nossa realidade, o que mais importa é ser flexível e prover para a família uma comunicação que seja muito efetiva, ter respeito, compaixão e empatia. A família precisa compreender o diagnóstico, o propósito do tratamento e o prognóstico", afirma. A psicóloga destaca, ainda, a importância da espiritualidade, que também contribui como fator protetor para os sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.
O estudo de seguimento, comparando os verdadeiros pares, paciente e seu respectivo familiar, publicado na revista Plos One, mostrou que os familiares, principalmente aqueles que perderam seu ente querido, apresentam mais sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático após UTI. Por isso, um cuidado maior, com mais suporte, deve ser dado aos familiares de pacientes jovens, os pacientes intubados e os que estão mais graves, que podem evoluir para óbito, porque são situações que colocam a família em risco para apresentarem esses sintomas.

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