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Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas no Brasil

Especialista comenta a distribuição geográfica dos leitos e opina sobre principais problemas vividos no Estado de São Paulo

Dr. José Roberto FiorettoJosé Roberto Fioretto é Professor Adjunto Livre Docente em Medicina Intensiva Pediátrica-UNESP, chefe da UTI Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e editor responsável da obra UTI Pediátrica (Editora Guanabara Koogan, 2013), que tem como co-editores Rossano Cesar Bonatto, Mário Ferreira Carpi, Sandra Mara Queiroz Ricchetti e Marcos Aurélio de Moraes. Nesta entrevista exclusiva, ele comenta a evolução da assistência à saúde em Terapia Intensiva no Estado de São Paulo desde a inauguração da primeira Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), na década de 70. Embora veja com otimismo a distribuição das Unidades em relação à população pediátrica, faz um alerta sobre a falta de profissionais e de leitos em algumas regiões do Estado.


Qual a importância da atuação multiprofissional em uma UTI
?

O atendimento do paciente gravemente enfermo exige um grande número de profissionais envolvido para um melhor resultado do tratamento, incluindo equipe médica e um corpo técnico de enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia e farmácia. Não é apenas uma medida que soluciona o problema, mas diversas são as abordagens – não só médicas – para o sucesso do tratamento. Nesse contexto, a equipe multidisciplinar é fundamental.

Como enxerga a situação das Unidades de Terapia Intensiva pediátricas do Estado de São Paulo?

Evidentemente estamos em um estado privilegiado da nação. Em São Paulo, as condições para o atendimento dos pacientes graves na UTI são as melhores do país, sem dúvida alguma. Há um número grande de especialistas certificados pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB); no entanto, o número de intensivistas pediátricos ainda é insuficiente considerando-se a demanda do Estado, que é crescente. Por enquanto, ainda há uma distribuição desproporcional das Unidades, dos leitos e de profissionais de Terapia Intensiva em relação à população pediátrica do Estado, principalmente se consideradas cidades mais populosas do estado.

Quem geralmente coordena as UTIs no Estado?

No Estado de São Paulo praticamente não temos UTIs que não sejam coordenadas por especialistas em Terapia Intensiva Pediátrica, o que talvez possa ser creditado à vigilância da AMIB.

Como avalia a distribuição geográfica das UTIs pediátricas e neonatais em São Paulo?

Acredito que a distribuição esteja entre 70% e 80% equalizada em relação às necessidades da população. Há algumas cidades onde faltam recursos, não apenas nas Unidades, mas nos hospitais. Temos uma infraestrutura boa e uma vasta distribuição de centros de assistência médica. Pode melhorar, é claro, mas não é uma situação crítica se comparada às áreas mais remotas do país.

Qual a importância do transporte especializado em pediatria, voltado às crianças criticamente enfermas?

O sucesso do tratamento do paciente parte de um suporte adequado, que vai desde a escolha do local onde o paciente será atendido, em primeira instância, até o transporte, no qual a desestabilização do paciente costuma ser frequente. Isso acontece exatamente porque faltam ambulâncias de UTI pediátrica e profissionais especializados neste transporte. Aí está um ponto no qual precisamos avançar bastante.

A falta de profissionais está relacionada à falta de escolas médicas ou de recursos para a saúde?

Para melhorar a assistência intensiva pediátrica é necessário formar mais profissionais nessa área. A gente precisa ter muito cuidado com a formação do médico intensivista pediátrico. A SOPATI tem um programa muito interessante nesse aspecto: chama-se SOPATI Perto de Você. O programa leva ao interior do Estado de São Paulo temas relevantes em Medicina Intensiva, apresentados sob a forma de simpósio, o que contribui para a difusão dos conhecimentos em UTI. Também acredito que precisamos exigir mais leitos, mais profissionais – médicos e não médicos – para atuar tanto nas UTIs públicas quanto nas privadas. Mas essa discussão requer maior envolvimento do Estado.

O senhor e sua equipe recentemente lançaram um livro sobre o tema. Para quem é voltado?

Não apenas para médicos intensivistas pediátricos, mas também para o pediatra geral que atende crianças em emergências. Este assunto também diz respeito à atuação destes profissionais, afinal, também fazem parte do nosso dia-a-dia.

O livro resulta de um estudo envolvendo a intermação de crianças?

A publicação é uma coletânea de condições clínico-cirúrgicas que mais frequentemente motivam a internação em UTI Pediátrica, verificadas por minha equipe no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. Esta nossa experiência foi transformada em conhecimento didático.

Poderia falar um pouco mais sobre o livro?

Ele é dividido em duas partes: tópicos fundamentais (conceitos e procedimentos que todo médico intensivista pediátrico precisa conhecer para tratar seus pacientes) e condições mais frequentes na UTI pediátrica (doenças comuns à nossa rotina). A ventilação mecânica (convencional, de alta frequência, não invasiva, etc.) aparece em vários capítulos da primeira parte do livro, dada a sua aplicabilidade no dia-a-dia da UTI. Na segunda parte, doenças como insuficiência respiratória aguda (principal causa de internação na UTI Pediátrica), choque séptico, arritmias cardíacas, queimaduras e epilepsia.

Quem são os autores do livro?
Os capítulos do livro foram redigidos por médicos do Brasil todo. Fiquei responsável pela edição do material, com o auxílio dos colegas Rossano Cesar Bonatto, Mário Ferreira Carpi, Sandra Mara Queiroz Ricchetti e Marcos Aurélio de Moraes, que compõem a equipe médica que supervisiono atualmente.

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