Pacientes internados em UTIs têm probabilidade 10 vezes mais de desenvolver infecções graves
As infecções se tornaram um desafio no ambiente hospitalar, sendo uma manifestação frequente no paciente grave, internado nas Unidades de Terapia Intensiva, devido à condição clínica destes pacientes e a variedade de procedimentos invasivos rotineiramente realizados, que determinam uma probabilidade entre 5 e 10 vezes maior de contrair uma infecção, representando cerca de 20% do total das infecções de um hospital. O papel do cirurgião dentista nesse ambiente pode auxiliar muito na diminuição de infecções graves, pois porcentagem considerável dessas infecções começa pela boca.
“Com o constante surgimento de evidências científicas que respaldam o papel nocivo dos comprometimentos e das infecções dentárias e bucais para a degradação do estado geral dos pacientes alocados nas Unidades de Terapia Intensiva, a odontologia passa a dividir responsabilidades com outros integrantes das equipes de saúde – especialmente nas questões referentes ao controle das infecções e da melhor oferta de conforto a esses pacientes”, afirma Dra. Teresa Márcia Morais, presidente do Departamento de Odontologia da Sociedade Paulista de Terapia Intensiva.
A falta de tratamento dentário aumenta a possibilidade de infecções e sepse nas Unidades de Terapia Intensiva e pode causar pneumonia — doença responsável por 30% das mortes nesse ambiente. “A higiene bucal deficiente é comum em pacientes internados em UTIs. Esse problema propicia a colonização do biofilme bucal por microrganismos patogênicos, especialmente respiratórios”, alerta a profissional.
Dra. Teresa reforça ser necessário ficar atendo a alguns pontos importantes nesses pacientes. Entre eles, identificar problemas dentais e periodontais prévios à internação. Pesquisas científicas conferem às infecções bucais uma inter-relação com outras patologias sistêmicas, além de considerá-las com potencial para agravar uma condição sistêmica preexistente ou ainda, colaborar para que o indivíduo tenha maior risco de desenvolver outras doenças.
“Não se pode permitir em pleno século XXI o desconhecimento sobre o impacto da condição bucal na saúde do indivíduo, especialmente os que estão com a saúde comprometida, como os pacientes de UTI. É preciso reduzir os altos índices de infecções respiratórias que sabidamente apresentam relação com os problemas bucais e que podem levar ao óbito”, reforça Dra. Teresa.
PRESENÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA NA UTI É REGULAMENTADA - Em maio de 2016, foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2013, que regulamenta a presença do cirurgião-dentista nas UTIs e inclui a assistência odontológica no atendimento e internação domiciliares do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a Agência Senado, a proposta foi aprovada na forma de substitutivo da relatora, senadora Ana Amélia (PP-RS), que seguirá à análise do Plenário do Senado. Se aprovado em Plenário, o texto voltará ao exame da Câmara dos Deputados, em face das mudanças do Senado.