SOPATI Sociedade Paulista de Terapia Intensiva
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Homenagem ao Dr. Flávio Maciel, de seu amigo Dr. Marcelo Moock

Quando meu neto Felipe, com quatro anos, me pergunta sobre o destino dos mortos respondo que eles se tornam estrelas que iluminam o céu e as noites. O que dizer mais? Não sei , ainda que o perguntador fosse um adulto sigo não sabendo. Esta metáfora é doce , suave e bela. Penso que para o Flávio talvez ela não se aplique pois ele na verdade irradiava luz , energia e vibração e, as estrelas apenas refletem a luz que recebem.

Cresceu e foi educado em uma família especial formada por pessoas com qualidades similares às dele. Curiosos, racionais, eruditos, amantes do conhecimento, iluministas enfim o melhor que se pode encontrar por aqui e alhures.  Parte desta família se dedica à medicina paulista  há várias gerações. Tornar-se um médico competente e respeitável era o seu destino. Achou pouco; era preciso conhecer mais. Assim depois da  sólida educação recebida pelos jesuítas do Colégio São Luis, ingressou na Escola Paulista de Medicina, hoje UNIFESP,  onde se graduou médico. Foi fazer Residência Médica e parte da sua carreira de docente na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde o conheci em 1978. Fez mestrado,  doutorado e a outra parte da docência  na Faculdade de Medicina da USP. Conheceu, portanto, as mais importantes escolas médicas com suas especificidades. Assim, talvez, sua inquietação e curiosidade se satisfariam. Não; era preciso conhecer o mundo. E lá foi ele , junto comigo,   para Bruxelas, em 1992, para o serviço do Prof. Jean-Louis Vincent. Após nossa passagem por lá talvez uma centena de médicos e residentes brasileiros continuam a percorrer este caminho por ele desbravado. Em seguida especializou-se em reumatologia na UNIVERSITÉ DE SHERBROOKE no Canadá onde permaneceu por dois anos (1998). Trabalhou e chefiou o serviço de tratamento intensivo de adultos do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya em São Paulo, onde instituiu e coordenou um Programa de Residência Médica em Medicina Intensiva.  Se dedicou, também, à clínica privada, com muitos pacientes atendidos em consultório ou nos principais hospitais privados estratégicos de São Paulo.

Fez militância associativa, foi Presidente da Sociedade Paulista de Terapia Intensiva – SOPATI, foi delegado da Associação de Medicina Brasileira – AMIB na World Federation of Societies of Intensive and Critical Care Medicinee na Pan-American andIberianFederationofSocietiesof Intensive and Critical Care Medicine (FEPIMCTI). O espírito positivo, a fluência com os idiomas, a desinibição, inteligência e o conhecimento sobre tantas coisas fizeram dele um verdadeiro chanceler, que tão bem representou o Brasil nestas federações. Aqui estava uma faceta notável. Ele cumpria este papel com maestria e paixão. Viajante incansável; nas que fizemos juntos jamais tive melhor companheiro. Nas minhas melhores recordações de viagem sempre o encontro.

Esta efervescência  foi apoiada  e estimulada pela sua mulher, companheira de sempre,  Maria Elisa que ele carinhosamente chamava de Billy. Todos nós também passamos a admirá-la, a partir da percepção de como ela generosa e dedicadamente protagonizava este papel que permitia ao Flávio se dedicar ao mundo. Ficaram dois filhos da melhor estirpe, preparados, depositários do legado do Flavio que seguirão a saga desta notável família.

Deixou cedo esta vida, não conheceu seus netos que certamente muito ouvirão falar dele. Morreu rodeado pela família e amigos, cuidado e amado pela Billy, com a mesma grandeza, dignidade e coragem com que viveu.

Marcelo Moock

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